Capítulo 3: A Corte das Sombras "Parte 6"

Caminhando cautelosamente pelas ruas estreitas do Distrito Inferior de Pearlhollow, Khaen tentava entender onde estava e o que acontecia ao seu redor, enquanto mantinha a atenção em seu perseguidor. Os quarteirões ali não eram bem iluminados, as casas eram pequenas e geralmente mal construídas, e o chão estava sujo, repleto de lixo e, em alguns lugares, até de esgoto. Havia mais pessoas ali fora, do que perto do Festival, e Khaen notou que a maioria provavelmente morava nas ruas. Em alguns pontos e becos sem saída, havia tendas improvisadas, com camas de papelão e tecidos esfarrapados. Aqueles eram os que a cidade não queria no Festival.

As ruas escuras e os becos ajudavam Khaen a se esconder do Emissário, mas de vez em quando ele precisava corrigir sua rota, desviando de pessoas nas ruas. Fosse por medo de ladrões ou de sem-teto, Khaen não queria atrair esse tipo de inimigo para eles. O lugar era também muito labiríntico. Mais de uma vez, Khaen precisou voltar atrás porque chegou a um beco sem saída ou a uma pilha de lixo e entulho que ele não conseguia facilmente passar. Tudo aquilo confundia a mente do garoto – a maneira como os pobres eram tratados, o mal que o perseguia e o medo de levar o predador diretamente à porta de uma vítima. Mas, usando a pouca luz disponível e os caminhos tortuosos do Distrito Inferior, Khaen conseguiu manter distância do Emissário. Às vezes, estava atrás dele, outras à frente, dançando por todo aquele labirinto.

Khaen sentia que provavelmente teria que continuar a noite toda, até o sol nascer novamente, e ele poderia usar seu poder para confrontar o Emissário (que definitivamente era uma criatura das sombras e seria mais fraca sob a luz, pelo que ele podia perceber). Seria uma longa noite, mas ele não desanimaria, seus amigos dependiam dele. Mas não demorou muito para que seus planos fossem por água abaixo. Enquanto se escondia atrás de uma tenda e uma pilha de caixas, Khaen viu o Emissário passar lentamente, com um sorriso sombrio no rosto, procurando algo em algum lugar. Mas o que ele encontrou não era o que procurava. Sentado no chão, encostado na parede de uma casa, estava um homem velho. Parecia estar dormindo ou apenas semiconsciente. Quando o Emissário o viu, parou. Foi quando Khaen também notou o homem e soube imediatamente o que seu inimigo faria. Então, quando o Emissário correu em direção ao velho no chão, com suas garras prontas para atacar a garganta do homem, Khaen já havia lançado sua magia sobre o alvo, protegendo-o do golpe e bloqueando o ataque do Emissário. Quando a mão com unhas afiadas atingiu a parede invisível de luz, bem em frente ao nariz do homem, ele acordou assustado e imediatamente correu para o beco escuro ao lado, ainda sem entender o que havia acontecido. O Emissário não o seguiu, seu verdadeiro objetivo estava alcançado, e ele tinha Khaen bem à sua vista.

Sou eu que você quer, monstro. Não precisa envolver mais ninguém. Vamos decidir isso entre nós!

Khaen

Khaen gritou, certificando-se de que a atenção do Emissário estava focada nele. Mas todo o barulho e a comoção pareciam atrair mais pessoas para o local. De uma casa não muito longe de onde os dois estavam, uma porta se abriu, e três pessoas apareceram na entrada, curiosas para ver o que estava acontecendo. O Emissário abriu um sorriso ainda mais largo e correu em direção à casa com incrível velocidade. Desta vez, o jovem conjurador não teria tempo de lançar um novo feitiço, então ele também correu, como estava mais perto da casa, chegando a tempo de empurrar as pessoas para fora do caminho e absorver o ataque do Emissário. A porta se fechou atrás deles com um estrondo alto, e Khaen rastejou para longe do Emissário, para evitar um segundo ataque. Ele colocou uma mão sobre o estômago enquanto lutava para se levantar.

Você não vai conseguir o que quer, demônio. O Sol me protegerá, e eu protegerei todos eles!

Khaen

Ele sentiu uma sensação quente em seu peito, abaixo da dor dos arranhões, e imaginou que o sangue do golpe já estava escorrendo de seu abdômen, mas quando olhou para baixo, o que viu foi uma luz brilhante, reluzindo sob suas roupas. O pedaço do Escudo Sagrado brilhou quando ele o puxou, hipnotizado por sua luz, e de repente foi preenchido por inspiração divina. Apertando firmemente o pedaço em sua mão, Khaen levantou o braço acima da cabeça e olhou diretamente para o Emissário. Com a luz brilhando tão intensamente – se do pedaço do Escudo ou da mão do garoto, era impossível dizer, tornou-se possível perceber que aquele Emissário não era o verdadeiro, mas um clone de Sombra de Sangue, enquanto a luz cortava-o e revelava o líquido viscoso em forma humana.

Que a Luz de Bellemore te consuma, traidor!

Khaen

As palavras saíram de sua boca quase contra sua vontade, como se ele estivesse em transe. E naquele momento, o pedaço do Escudo flutuou mais alto, subindo aos céus, cada vez mais brilhante. Por um instante, a noite tornou-se tão clara quanto um dia sob o Sol, e toda a cidade foi envolvida pela luz. E toda aquela energia sagrada derreteu o clone da Sombra de Sangue, deixando apenas uma mancha carbonizada no chão.

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"Parte 7"

Quando Garthas recuperou o fôlego, estava deitado de costas, com o sangue que escorria de seus ferimentos inundando o chão abaixo e ao seu redor, e ele não conseguia mover nenhum dos braços, além de

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